quinta-feira, 6 de setembro de 2007

ÚLTIMAS NOTÍCIAS DA CRISE


Lula admite que crise aérea não terminou
RENATA GIRALDI
da Folha Online, em Brasília
06/09/2007 - 11h15
Ao contrário do presidente da Anac (Agência Nacional de aviação Civil), Milton Zuanazzi, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu nesta quinta-feira que a crise aérea ainda não acabou. Segundo Lula, os problemas existem, mas o governo está se empenhando para "arrumar a casa direitinho" em busca de soluções que resolvam a crise.

"Ainda temos problemas, sim", afirmou Lula, em resposta à rádio CBN, durante entrevista concedida a oito emissoras de rádio, em Brasília. A resposta contraria a afirmação de Zuanazzi, que disse que a crise aérea havia acabado.

O presidente, porém, ressaltou que jamais os atrasos nos vôos serão eliminados, um problema que, segundo ele, ocorre em todos os países.

"Mas nunca vamos acabar com os atrasos. Eles ocorrem não só no Brasil, como na China, na Inglaterra e no mundo inteiro", disse o presidente. De acordo com Lula, a preocupação do governo é em garantir o bem-estar aos usuários do transporte aéreo no país. "O que precisamos garantir é o atendimento correto aos passageiros nos aeroportos", afirmou.

Pressão

Lula evitou criticar Zuanazzi. Ao ser questionado, se o presidente da Anac poderia ser orientado pelo governo a pedir demissão, o presidente preferiu lembrar que dois diretores da agência --Denise Abreu e Jorge Velozo-- já renunciaram aos cargos. Não mencionou especificamente o caso de Zuanazzi.

Como em ocasiões anteriores, o presidente afirmou que deu "carta branca" para o ministro da Defesa, Nelson Jobim, resolver às questões relativas à crise aérea. Destacou que os esforços estão sendo feitos: 'Vamos cuidar das pistas. Arrumar a casa direitinho'.

Segundo ele, Jobim e o Conac (Conselho de Aviação Civil), estão atentos às dificuldades do setor aéreo e buscam alternativas para resolver os problemas. Não entrou em detalhes sobre eventuais medidas que podem ser definidas.


"Grooving" na pista de Congonhas será concluído hoje
Colaboraram ALENCAR IZIDORO,
da Folha de S.Paulo, e a Folha Online
06/09/2007 - 09h14
O "grooving" (ranhuras) na pista principal do aeroporto de Congonhas será concluído hoje, mas a pista terá que passar por uma inspeção e receber autorização para que seja liberado o seu uso em dia de chuva, disse ontem o presidente da Infraero, Sérgio Gaudenzi.

Em nota, a Infraero informou que a partir de sábado a pista principal voltará a operar no horário normal, das 6h às 23h --durante a obra, a abertura foi retardada para as 8h. Ainda segundo a nota, ficarão por concluir as áreas de escape --nas cabeceiras, antes do ponto de toque das aeronaves em pouso--, obra que será realizada em mais dez dias.

Ronaldo Jenkins, diretor do Snea (sindicato das empresas aéreas), disse que aguarda uma definição da Anac ou do Ministério da Defesa sobre um aumento no número de operações em Congonhas.

A tendência, segundo ele, é retomar a quantidade de vôos anterior ao acidente (48 operações por hora) ou, no mínimo, saltar do limite de 33 operações por hora para 44 operações. "Seria inexplicável não retomar a quantidade de vôos que Congonhas é capaz de ter", afirmou Jenkins.

Gaudenzi anunciou que haverá mais rigor na medição de água acumulada na pista de Congonhas. Ele prestou depoimento ontem na CPI do Apagão Aéreo da Câmara.

"Não se faz vistoria de dentro de um carro, e [o profissional] tem que ser treinado. É lamentável o que houve e não vai se repetir", disse Gaudenzi, sobre a verificação de lâmina d'água em Congonhas em 17 de julho, após pedido da torre de controle e queixas de pista escorregadia feitas por pilotos. Pouco depois, o Airbus da TAM saiu da pista e se chocou contra um prédio, matando 199 pessoas. Gaudenzi disse ainda já ter 95% de certeza de que a malha aérea será reformulada para fazer dos aeroportos de Brasília (DF), Confins (MG), Guarulhos (SP) e Galeão (RJ) os novos pontos de distribuição de vôos, os chamados "hubs".

Ontem, teve alta a última vítima do acidente que continuava hospitalizada. Valdiney Nascimento Muricy, 33, trabalhava na TAM Express e pulou no momento em que o Airbus se chocou com o prédio.

Último sobrevivente de acidente da TAM recebe alta de hospital
da Folha Online
05/09/2007 - 16h15

O último dos sobreviventes do acidente com o Airbus da TAM, ocorrido no dia 17 de julho, recebeu alta do Hospital Santa Bárbara, em Cerqueira César (região oeste de São Paulo). Valdiney Nascimento Muricy, 33, trabalhava no galpão da TAM Express --prédio que foi atingido pelo avião. Dos 19 funcionários do prédio socorridos, dois morreram em hospitais.

Muricy estava internado desde a noite do acidente. Ele pulou do prédio no momento em que o avião caiu no galpão. O acidente deixou
199 mortos, entre passageiros do avião, funcionários do galpão e ao menos uma pessoa que estava no posto de gasolina ao lado do prédio.

O funcionário da TAM Express sofreu fraturas no fêmur, cotovelo e em um dos ombros, de acordo com o hospital. Ele passou por três cirurgias. De acordo com assessoria do Santa Bárbara, Muricy deixará o hospital assim que o serviço de "home care" --atendimento domiciliar do paciente-- estiver pronto.

Cinco funcionários do galpão e três colaboradores da TAM estão entre os mortos no acidente --além dos dois que morreram após serem socorridos --Marcos A. L. Curti, Antonio Gualberto Filho, Elaine Tavares da Silva, Ana Paula Camargo, Alexandre L. Catussatto, Cláudia Bárbara, Adrién Bisson e Gustavo Rodrigues.


Jobim apresenta nesta semana nomes de indicados à Anac
da Folha Online
03/09/2007 - 09h29
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, vai encaminhar nesta semana ao Congresso Nacional os nomes dos dois novos diretores da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) indicados para substituir os
ex-diretores Denise Abreu e Jorge Luiz Veloso, que renunciaram aos seus mandatos.

Jobim disse que as escolhas estão em "fase final", mas vai apresentá-las ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva somente depois que retornar de viagem oficial ao Haiti. Ele embarcou neste domingo e retorna na quarta-feira.

O ministro não revelou quais serão os indicados pelo governo para ocuparem as diretorias. Um dos nomes cotados para substituir Denise Abreu é o da economista Solange Vieira, funcionária do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

O Senado Federal precisa aprovar os nomes dos diretores para que eles assumam os cargos vagos na Anac, como previsto pela legislação que regulamenta as agências reguladoras. Como são indicados pelo presidente da República com o aval do Senado, os diretores das agências reguladoras não podem ser demitidos.
Renúncias

Veloso renunciou ao cargo na semana passada. Ele acompanhou a decisão da ex-diretora Denise Abreu.

Desgastada por quase um ano de crise aérea, pela tragédia do vôo 3054 e pela acusação de que teria apresentado um documento sem validade à juíza Cecília Marcondes, do TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região, Abreu não resistiu e renunciou no dia 24 de agosto. A norma inexistente de segurança tinha como objetivo derrubar a restrição de uso da pista do aeroporto de Congonhas (zona sul de São Paulo), determinada em fevereiro pela Justiça Federal.

Reportagem publicada pela Folha na última sexta-feira (
íntegra disponível para assinantes da Folha ou do UOL) revela que o presidente da Anac, Milton Zuanazzi, e os outros dois diretores da agência decidiram renunciar aos cargos até o final de setembro em decisão acertada com o governo.

O próximo a sair deverá ser Josef Barat. A agência só pode deliberar com, no mínimo, três dos seus cinco diretores. Se Barat saísse antes das indicações apresentadas por Jobim, inviabilizaria os trabalhos no órgão.

Até o final do mês, também devem renunciar Zuanazzi e Leur Lomanto.

Jobim diz que política de baixo custo ameaça segurança aérea
ANA PAULA RIBEIRO
da Folha Online, em Brasília
28/08/2007 - 12h09
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, criticou as conseqüências da política de baixo custo adotada pelas empresas aéreas e sugeriu que ela passe por uma modificação. "Você tem nesse modelo o sacrifício da manutenção das aeronaves e o esgarçamento do uso da tripulação", disse ele na CPI do Apagão Aéreo da Câmara, nesta terça-feira.

Jobim criticou ainda o fato de o aeroporto de Congonhas (zona sul de São Paulo) ter sido transformado em um hub --centro de distribuição de vôos-- e a preferência das empresas aéreas de usar aviões maiores durante um grande número de horas, apenas com a chamada manutenção significada.

Para ele, o sistema atual cria um conflito entre a necessidade de segurança do setor aéreo e a rentabilidade das empresas.

Entre as decisões já tomadas pelo governo para mudar esse quadro, Jobim citou a redução do número de vôos de Congonhas de 712 para 561 e a operação de vôos ponto-a-ponto. Ele admite, no entanto, que haverá perdas para os comerciantes da região. "Esse modelo vai criar dificuldades não só para o entorno do aeroporto de Congonhas, mas também para as lojas. Mas isso é necessário."

Questionado sobre um possível aumento de tarifas, o ministro disse que o importante é não "sacrificar a segurança em função do custo." "A melhor maneira de aumentar o preço é controlar a oferta", disse.

Jobim voltou a dizer que o Ministério da Defesa irá trabalhar baseado em segurança, regularidade e pontualidade; e que irá se reunir com as empresas aéreas para que elas cheguem a um consenso sobre o uso dos aeroportos do Brasil.

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