terça-feira, 21 de agosto de 2007

AERONÁUTICA E A CAIXA-PRETA

Christina Fontenelle
21 de agosto de 2007

O Tenente Silva do Dep. de Comunicação da Aronáutica, em Brasília, foi autorizado a passar informações da Força Aérea sobre o problema relacionado aos cerca de 22 minutos de degravação da Caixa-Preta do Airbus da TAM, que fazia o vôo 3054, no último dia 17 de julho, e que se acidentou, matando 199 pessoas. Eu falei com ele ao telefone, hoje, por volta das 17 h e 30 min., o Tenente informou que o trecho omitido seria relativo a diálogos informais mantidos dentro da cabine da aeronave e que não seriam de relevância para as investigações técnicas, específicas sobre o pouso do avião. Perguntado sobre o por quê de a Aeronáutica não ter falado que o trecho mostrado à CPI do da Câmara continha os 30 últimos minutos de degravação e que destes teriam sido omitidos os tais dos 22 minutos - pelos motivos já citados -, Silva disse que a informação de que a degravação conteria apenas os 12 últimos minutos de diálogos - mantidos dentro da cabine entre a tripulação e/ou a torre de controle de Congonhas - não teria sido divulgada pela Aeronáutica e sim pelos parlamentares da CPI - talvez, segundo o Tenente , com base na contagem dos minutos dos trechos transcritos (apesar de, no caso de tal contagem ter sido feita, chegar-se-ia a cerca de 8 minutos e não 12, como foi divulgado). A Aeronáutica ainda não recebeu um pedido formal nem da CPI nem do Ministério da Defesa para que venha a revelar o conteúdo do trecho omitido.

Do dia 5 de agosto - quando foi observado este detalhe da omissão dos 22 minutos de degravação - para cá, muita coisa já aconteceu e muitas outras informações já foram divulgadas - ora confirmadas e ora desmentidas. Realmente, há certas coisas que devem ser perguntadas quase que instantaneamente - na hora e com documentos nas mãos (no caso agora tratado, a transcrição da degravação). Sim, eu solicitei ao Dep. de Comunicação da Aeronáutica, recentemente, por duas vezes, uma entrevista com o Brigadeiro Jorge Kersul, chefe do Cenipa. Não obtive sucesso. Caso tivesse eu tido esta chance, eu poderia ter mostrado ao Brigadeiro que, na verdade, há vários outros trechos da transcrição que foram divulgados, mas que não tratam exatamente de informações técnicas relevantes sobre o pouso da aeronave. Num deles, inclusive, uma das comissárias faz uma brincadeira sobre onde o avião iria pousar. Também perguntaria, por exemplo, o por quê de não ter havido uma observação, por escrito, na própria transcrição, referente à omissão destes 22 minutos, pelos motivos alegados pela Aeronáutica (acima citados), já que, na mesma, há observações até sobre barulhos que se ouve. Outro motivo de extrema curiosidade seria o fato de experientes técnicos da Aeronáutica terem enviado para exame nos EUA, por engano, uma peça que não seria o cilindro de voz da caixa-preta.

Eu tenho procurado ser justa nas minhas matérias e nos artigos que escrevo. Costumo apontar os acertos e os erros. Algumas pessoas dizem que eu não entrevisto, eu sabatino. Não é bem assim. É que eu procuro estudar bem minhas pautas. Como não pude, ainda, entrevistar o Brigadeiro Kersul, não me dou por satisfeita com esta resposta da Aeronáutica. Mas, tenho a obrigação de divulgar o quea mim foi passado.

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