Publicada em 09/08/2007 às 17h37m
BRASÍLIA - Em depoimento na CPI do Apagão Aéreo da Câmara, que investiga o acidente com o Airbus A 320 da TAM, o controlador de vôo Celso Domingos Alves Junior disse que as reclamações dos pilotos sobre o estado da pista principal aumentaram depois da reforma. Ele estava na torre do aeroporto de Congonhas no momento da tragédia que resultou na morte de 199 pessoas. O controlador disse ter ouvido pelo menos três relatos de pista escorregadia nos dias de chuva após a reforma, e afirmou não se recordar de ter ouvido reclamações antes da obra. Apesar disso, para o comando da CPI, vai se afastando a possibilidade de a pista de Congonhas ter sido uma causa preponderante do desastre.
Depois de ouvir Celso Domingos e mais três controladores que também trabalhavam no dia o acidente, o relator da CPI do Apagão da Câmara, Marco Maia (PT-RS), disse que cada vez mais vai ficando claro que a pista não foi um fator preponderante para o acidente.
Marco Maia recebeu o apoio do vice-presidente da CPI, o também governista Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que acredita estar ficando claro que a pista não foi um dos fatores que levou ao acidente. A oposição, no entanto, pede cautela e afirma que é cedo para tirar conclusões.
Na gravação da cabine, um dos pilotos pergunta, às 18h36m, se chove em Congonhas e a controladora de vôo Ziloá Miranda informa sobre chuva leve e contínua e diz que a pista está molhada. Às 18h48m, o piloto pergunta sobre as condições da pista e o controlador Celso Domingos Alves diz que ela estava "molhada e escorregadia". A partir desse trecho, a CPI optou por não divulgar os diálogos. Celso Domingos disse que até o toque do avião na pista parecia que não havia nenhum problema no vôo. A partir do pouso, no entanto, ele percebeu que a aeronave manteve a velocidade até o momento do acidente. Celso acompanhou o avião até ele sair da pista.
Celso Domingos disse que até o toque do avião na pista parecia que não havia nenhum problema no vôo. A partir do pouso, no entanto, ele percebeu que a aeronave manteve a velocidade até o momento do acidente. Celso acompanhou o avião até ele sair da pista.
Celso contou ainda que avisou uma outra aeronave sobre a explosão na cabeceira da pista, mas ela já estava em procedimento de decolagem e não pôde abortar o vôo.
Um parecer em fase de elaboração pela Câmara condena a divulgação, pela CPI, das informações contidas nas caixas-pretas do avião da TAM. Cunha, porém, disse que o parecer tem apenas caráter indicativo e que a liberação dos dados seguiu decisão da maioria da CPI. Cunha pediu que seja elaborado um outro parecer sobre o assunto.
Ao ser inquirido pela deputada Solange Amaral (DEM-RJ), o controlador de vôo Eduardo Dayrel revelou, na CPI do Apagão Aéreo, que em determinados o tráfego em Congonhas é tão intenso que até 15 aeronaves são colocadas em espera ao mesmo tempo circulando sobre o aeroporto. A revelação deixou assustado até mesmo o deputado Miguel Martini (PHS-MG), ex- controlador de vôo, que chamou a situação de "uma aberração" . O deputado então teve uma discussão tensa com o relator Marco Maia.
Luana Moreno, estagiária na torre de controle de Congonhas, disse que houve um aumento do tráfego aéreo nos últimos meses e que a carga de estresse é alta. Segundo ela, são constantes as invasões de freqüência dos rádios da torre, mas afirmou que os controladores têm a opção de usar frequëncias alternativas.
Em outra frente de investigação, a CPI do Senado ouviu procuradores da República a respeito de resultados de auditorias realizadas para apurar denúncias de irregularidades em obras em diversos aeroportos do Brasil. O relator da CPI, Demóstenes Torres (DEM-GO), disse que as empreiteiras que ganham as licitações para obras nos aeroportos do país atuam como "um esquema de crime organizado" .
Veja a transcrição dos diálogos dos pilotos do Airbus da TAM com a torre de controle
O Globo Online
Para preservar as famílias dos pilotos, a CPI só divulgou os trechos dos diálogos durante a aproximação do avião, antes do toque na pista. Leia abaixo:
Piloto Kleyber - Reduzindo velocidade ao máximo possível
Piloto - Não há problema
Piloto - 3054 descendo (...)
Piloto - "muito grato"
Piloto - Controle pode informar ao 3054 da TAM se chove em Congonhas?
Piloto - Muito grato
Piloto - Torre São Paulo, TAM 3054
Piloto - Boa noite, reduzindo para mínima (...)
Piloto - TAM, na (aproximação) final, duas milhas. Poderia confirmar as condições?
CPI DO SENADO
Publicada em 09/08/2007 às 15h07m
A CPI ouviu nesta quinta-feira sete procuradores da República de seis estados. Todos disseram ter encontrado indícios de irregularidades em obras realizadas pela Infraero em aeroportos brasileiros. Na maioria dos casos, segundo relataram, foram encontrados indícios de problemas nas licitações e na execução das obras.
O procurador da República em Guarulhos (SP) Matheus Baraldi chamou de blindagem o fato de a Aeronáutica ter entrado na Justiça para barrar o pedido de busca e apreensão nos centros de controle aéreo de São Paulo e Brasília, na terça-feira . Baraldi foi o responsável pelo pedido, aceito pela Justiça Federal, que levou a operação da Polícia Federal que buscou documentos nas instalações da Aeronáutica.
O procurador de Campinas, Paulo Roberto Galvão de Carvalho, por sua vez, disse que foram encontrados indícios de irregularidades na construção de um edifício administrativo no Aeroporto de Viracopos. A licitação foi vencida por uma empresa que apresentou preços abaixo dos de mercado. Depois de vencida a licitação, o projeto executivo foi modificado e a obra passou de uma valor de R$ 17 milhões para R$ 21 milhões, ficando assim com preços acima do usual. A obra teve início em 2001, mas terminou em 2005, depois de passar por sete aditivos. O procurador destacou que os itens alterados no projeto foram de"acabamento estético".
O procurador da República em Pernambuco, Marcelo Mesquita Monte, que investiga o Aeroporto de Pernambuco, disse que há indícios de irregularidades na compra de obras de arte para o aeroporto. Segundo o procurador, foram compradas obras de arte no total de R$ 1 milhão e há denúncias de que haveria sobrepreço e de que as peças teriam sido compradas da empresa da mulher do então presidente da Infraero, Carlos Wilson.
Carlos Fernando Mazzoco, procurador da República no Espírito Santo, disse que houve denúncias de irregularidades na pista de pouso e decolagem que está sendo construída no Aeroporto Internacional de Vitória. De acordo com essas denúncias, a pista ficaria muito próxima a um monte, o que diminuiria sua segurança, especialmente em decolagens em condições adversas. Ainda assim, a pista foi construída.
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