quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Aviões da TAM - A PARTIR DE AGORA - terão alerta sobre posição de manetes
LEILA SUWWANDA
Folha de São Paulo
SUCURSAL DE BRASÍLIA
São Paulo, 15 de agosto de 2007

A TAM anunciou ontem, 28 dias depois do acidente do vôo 3054 em Congonhas, que irá instalar um novo alerta nas cabines de suas aeronaves Airbus para reduzir a possibilidade de erro dos pilotos no manuseio dos manetes de controle das turbinas na hora do pouso.
O alarme foi colocado à disposição pela Airbus no final do ano passado, dentro de uma série de atualizações de equipamento consideradas "opcionais" pela fabricante européia.Segundo a TAM, o dispositivo não foi explicitado no boletim da fabricante e, por não ser destacado como um item importante para a segurança, a empresa não optou antes pela sua instalação.
Ontem, na CPI do Apagão Aéreo da Câmara, o vice-presidente de Segurança de Vôo da TAM, Marco Aurélio de Castro, disse que toda a frota de Airbus terá o alerta novo, a partir de outubro, a um custo de US$ 5.000 por aeronave.Segundo o comandante Alex Frischmann, chefe de equipamento dos A320 da TAM, o alerta é um dispositivo visual que aparece na tela do piloto se ele deixar um dos manetes em posição de aceleração no pouso.
O A320 foi o modelo que explodiu após sair da pista.A caixa-preta do vôo 3054 indica que isso ocorreu com o manete da turbina direita, quando o certo seria que ambas as alavancas fossem colocadas em posição "idle" (ponto morto ou marcha lenta) logo antes do toque na pista. Isso fez com que o computador de bordo desativasse a frenagem automática.Os pilotos não conseguiram parar o avião manualmente, e o A320 colidiu com um prédio, deixando 199 mortos.Em 2004, a Airbus prometeu desenvolver esse alarme, motivada por um acidente quase idêntico, mas sem vítimas, em Taipei -outro Airbus-A320 estava com o manete mal posicionado, não conseguiu frear e ultrapassou a pista.
O dispositivo estaria na atualização seguinte do FWC (sigla inglesa para computador de alerta de vôo), o computador que dá os avisos de navegação ao piloto. Porém, a empresa depois afirmou que não tinha tido aval das autoridades certificadoras para apresentar o alarme como item obrigatório.Na última quinta, em depoimento à CPI do Apagão Aéreo, o vice-presidente de Segurança de Vôo da Airbus, Yannick Malinge, disse que, após Taiwan, a empresa discutiu a questão com as autoridades de certificação e estabeleceu que não havia necessidade de implementar um novo alarme.
Segundo ele, já existe um aviso normal ("retard") e seria difícil colocar mais um alerta que pudesse ser compreendido e gerar uma reação do piloto em poucos segundos.RestriçãoOutra medida adotada pela TAM, segundo Castro, foi restringir o uso de aeronaves em caso de um reversor de turbina inoperante. "A partir desse evento [acidente do vôo 3054], estamos em consulta permanente com a Airbus. Como medida preventiva, decidimos não operar em Congonhas com o reversor pinado", afirmou.Para ele, não há qualquer risco e a medida é apenas uma precaução.
Além disso, os executivos da TAM confirmaram que co-pilotos estão proibidos de pousar em Congonhas desde fevereiro, devido às preocupações com as condições de segurança da pista do aeroporto. A restrição foi mantida mesmo após a reforma concluída em junho.Eles também disseram que nunca existiu um regulamento formal da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) restringindo o pouso em pista molhada em Congonhas para aviões com ambos reversores operantes. A instrução emitida em janeiro não teria sido formalizada e entregue às empresas.

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