sexta-feira, 27 de julho de 2007

Lendas do povo dos ares

Fonte: Brickmann & Associados Comunicação - B&A - http://www.brickmann.com.br/
Carlos Brickmann
Coluna de 29 de julho

Endereço eletrônico: mailto:carlos@brickmann.com.br

É preciso fazer um novo aeroporto em São Paulo. Onde? Com que dinheiro? Não basta achar um terreno adequado, perto da Capital, com bons acessos. O novo aeroporto não pode ficar na mesma região dos antigos, ou haverá congestionamento no ar. Quanto ao dinheiro, basta ver o exemplo do Pan: a conta se multiplicou por sete, e não aconteceu nada. O mais provável é que a pista de Congonhas seja ampliada, Cumbica receba mais um terminal e Viracopos ganhe uma reforma.
Não é fácil: as áreas reservadas à expansão de Viracopos e de Cumbica foram invadidas por favelas. Congonhas está totalmente cercado pela cidade. Exige pesadas desapropriações. Mas há soluções – caras, trabalhosas, porém menos caras e trabalhosas do que um aeroporto novo.
Congonhas é inevitável: é próximo, com bons acessos. Nos anos 90, o Governo retirou boa parte dos aviões de lá, deixando só vôos regionais e para o Rio. A TAM descobriu como usar Congonhas: voava para Ribeirão Preto, e de Ribeirão para Brasília (dois vôos regionais). Como nem sempre havia passageiros para Ribeirão, o vôo ia direto até Brasília. Isso se repetia para todos os destinos. Todo mundo voltou para Congonhas. Isso deve ocorrer de novo.
E os trens rápidos para os aeroportos mais distantes? Quando existirem, a gente conversa de novo.
A lenda dos trilhos
Esta coluna lembrou o canteiro central da Rodovia dos Bandeirantes, onde foi reservado espaço para um trem de alta velocidade, que ligaria São Paulo a Campinas e ao aeroporto de Viracopos. O professor Isu Fang, que sabe das coisas, disse que não é nada disso: a alegação de que o canteiro central serviria para o trem era só para duplicar o custo da estrada. “As rampas usadas na rodovia”, diz o professor Fang, “são incompatíveis com as necessidades da ferrovia. Ferrovia não pode ter rampa de mais de 3%, e uma rodovia pode passar de 10%”. Completa o professor, referindo-se ao aumento do custo: “plus ça change, plus c’est la même chose”. (Quanto mais as coisas mudam, mais ficam iguais).
Palavra de quem sabe
Quando era governador de Minas, Tancredo Neves se recusava a falar de coisas importantes por telefone. “Telefone”, dizia, “é só para marcar encontro, e de preferência no lugar errado”. Mas por que tanta preocupação com o telefone? Tancredo explicava: “Eu fui ministro da Justiça. Eu sei”. O brigadeiro Mauro Gandra foi ministro da Aeronáutica. Outro dia, viajou do Rio a São Paulo de ônibus. Disse que tem amor à vida.
Acredite!
De 9 a 11 de agosto, em menos de duas semanas, será realizada a Labace-2007, uma feira de aviação executiva. Onde? Exatamente: em Congonhas.
Quem ganha
Os problemas da aviação brasileira estão trazendo um efeito colateral indesejável: o crescimento das empresas estrangeiras do setor. A Delta Air Lines, americana, anuncia robustos números de expansão. “Pode-se dizer que o Brasil foi o ponto de partida para nós", diz o porta-voz da Delta. "Essa rota nos apontou a grande demanda de oportunidades de negócios e o crescente turismo da região”. É preciso prestar atenção: no meio dos justos protestos contra as autoridades do setor aeronáutico e os serviços das empresas aéreas, não haverá coisas encomendadas, para facilitar a penetração estrangeira no mercado brasileiro?
Boa idéia
No meio do tiroteio, como achar as melhores soluções para o caos aéreo? O deputado Fernando Gabeira, do PV fluminense, traz uma idéia sensata: auditoria internacional independente, como a que foi feita no sistema aéreo suíço em 2002. Auditores independentes, sem posições partidárias, sem compromissos com autoridades ou empresários, podem dizer o que ocorre e o que deve ser feito.
Avião próprio
Mas Lula continua confiando no sistema aéreo brasileiro. Tão logo deu posse a Nélson Jobim, viajou para o Nordeste, a bordo do AeroLula. Lá enfrentou também manifestações de hostilidade. Mas para o Rio, no encerramento do Pan, o presidente não aceitou decolar. Bastou-lhe a experiência da abertura dos Jogos.
Tá faltando um
Substituição do ministro da Defesa, demissão do presidente da Infraero, pedidos para que os diretores da ANAC se demitam. Mas não há ainda qualquer indício de que o assessor especial do presidente Lula para relações internacionais, professor Marco Aurélio “Top Top” Garcia, esteja também na linha de tiro.
Boas maneiras
A propósito da troca na Defesa, não foi correto humilhar Waldir Pires. Se não era o homem certo no lugar certo, a culpa foi de quem o nomeou e sustentou.

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