segunda-feira, 23 de julho de 2007

PARA QUEM OS FINS JUSTIFICAM OS MEIOS

No primeiro artigo que escrevi sobre a Crise do Apagão (e isso foi em outubro de 2006!), especificamente sobre os problemas com os Controladores de Tráfego Aéreo, eu deixei duas coisas bem claras:
1. O governo não demonstrava capacidade de resolver o problema (e jamais o faria até que conseguisse chegar onde sempre pretendeu), simplesmente porque era ele mesmo que estava por trás do que quer que fosse a "bola da vez" que estivesse causando o tal ou os tais problemas - inclua-se aqui o misteriosamente improvável acidente da "colisão" de um Legacy com o Boeing da Gol, em 29 de setembro de 2006. É isso mesmo: inclua-se o acidente.
2. O objetivo do "Caos" era retirar o controle de tráfego aéreo da Aeronáutica (coisa que já estava sendo milimetricamente arquitetada desde o governo de FHC) e privatizá-lo, por razões entre elas as seguintes: lucrar financieramente com o processo (não o governo, mas seus apadrinhados); aparelhar e sindicalizar mais este setor estratégico nacional; e desmoralizar ainda mais as FFAA, dessa vez através da Aeronáutica (na época, eu ainda disse que os próximos seriam os portos e a segurança marítima - ligados à Marinha. Aguardem).

E eles estão conseguindo. Depois da tragédia que ceifou a vida de mais de 200 brasileiros, vem aí a privatização dos Aeroportos, do Controle de Tráfego Aéreo e da Infraero. Ou algum anjinho está pensando que os problemas com os aparelhos dos centros de controle de tráfego aéreo sejam qualquer coisa diferente de sabotagem?

Vejam o que traz hoje o Blog Alerta Total, do mais do que eficiente jornalista Jorge Serrão:


Lula faz parceria com oposição para privatizar Infraero e desapropriar bairro em SP para ampliar Congonhas

Edição de Segunda-feira do Alerta Total http://alertatotal.blogspot.com/
Por Jorge SerrãoExclusivo

O governo federal petista desenha dois mega-negócios, lucrativos para os amigos empreiteiros e os mega-especuladores imobiliários ou de fundos de investimento, no enganoso pacote de medidas para resolver o caos no setor aéreo. Tudo é desenhado pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que é a candidata de Lula a sucedê-lo, junto com o advogado José Dirceu de Oliveira e Silva e com o deputado federal Antônio Palocci Filho. Os empreendimentos contam até com a parceria de opositores políticos. Na hora de ganhar dinheiro, desaparecem as ideologias e os aparentes conflitos da politicagem.
Aplausos econômicos para Lula, o presidente que teme as vaias.A primeira operação lucrativa é uma desapropriação gigante de uma grande área na região do Jabaquara, na zona Sul da capital paulista, que beneficiaria construtoras e especuladores imobiliários, para a expansão da pista do Aeroporto de Congonhas, tornando-o realmente seguro para pousos e decolagens. A segunda é a privatização da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária. Junto com a desestatização da Infraero viria a licença para a “iniciativa privada” (leia-se, empresários aliados ou amigos do partido no poder) gerir ou ampliar 67 aeroportos, 81 unidades de apoio à navegação aérea e 32 terminais de logística atualmente em operação.
Vai ganhar muito dinheiro quem tiver as informações privilegiadas sobre os futuros negócios. A intenção secreta de Dilma Rousseff é desapropriar uma grande área na região do Jabaquara, na zona Sul da capital paulista, para ampliar o aeroporto de Congonhas. Não passou de um “factóide”, para desviar a atenção sobre os lucrativos negócios em andamento, a recém-anunciada proposta de se construir um terceiro aeroporto internacional na Grande São Paulo. Mas não está descartada a abertura de uma licitação internacional para o estudo de viabilidade de tal proposta. Afinal, as empreiteiras sempre são grata$ aos políticos por tais “missões” de avaliação do que já se sabe “inviável” ou “impossível”.

Para a operação de ampliação de Congonhas, guardada em sigilo para não gerar especulação imobiliária na Zona Sul da capital paulista, a cúpula petista conta com a ajuda do prefeito “democrata” de São Paulo. Não foi de graça que Gilberto Kassab defendeu, neste final de semana, a criação de uma área de escape no Aeroporto de Congonhas. O alcaide paulistano não descartou a hipótese de haver “desapropriações” para que isto seja realizado. Os empreiteiros e os especuladores imobiliários agradecem.

Já a privatização da Infraero ou a concessão da gestão dos aeroportos e terminais de carga à iniciativa privada, bem como as obras de ampliação dos atuais aeroportos, é uma operação defendida, há muito tempo, pelo ex-ministro da Fazenda e atual deputado federal Antônio Palocci Filho. Outro “pai da idéia” é o ex-deputado Delfim Netto (dirigente do PMDB), o mesmo que criou a Infraero, em 1972, quando era o todo poderoso ministro da Fazenda do governo do general Emílio Garrastazu Médici.Pelo menos 11 dos 67 aeroportos administrados pela Infraero são lucrativos. A Casa Civil do governo Lula pretende promover leilões para a administração de terminais já existentes e também a construção e operação de instalações ainda na prancheta da Infraero.

O Brasil deverá passar de 100 milhões de passageiros (em 2006) para 133 milhões, nos próximos três anos. O crescimento exige medidas urgentíssimas do lento governo Lula, que não investe ou aplica mal os recursos em infraestrura.Pesadelo de CongonhasÉ impressionante o depoimento do piloto Paulo Marcelo Soares, Cmte de A320, postado no Fórum FSIM-BR.O comandante revela que, na noite do dia 16, não sofreu um acidente em Congonhas, por milagre:“QUERIA QUE ELES TIVESSEM A CARA DE PAU DE DIZER QUE A PISTA DE CONGONHAS NÃO TEM PROBLEMAS!!!!!! Não varei a pista naquela noite por sorte. Não foi por habilidade, foi pura e simples SORTE. Sorte que meus colegas no MBK não tiveram”.
Quem aprovou tal obra?Um hotel de 11 andares e 50 metros de altura construído a cerca de 600 metros da cabeceira tornou-se um problema para o aeroporto de Congonhas, ameaçando a segurança das aeronaves.Embora a Aeronáutica tenha autorizado a construção do edifício, que ainda não foi inaugurado, sua altura elevada mexeu com as cartas aéreas de Congonhas, deixando os pilotos com menos pista para pousar. Antes da construção do prédio, a carta aérea indicava que a pista tinha 1940 metros para serem usados. Agora, a nova carta indica que só 1810 metros de pista podem ser utilizados. Por causa do prédio, os aviões têm que mudar o ângulo para tocar a pista 130 metros adiante.
Olho GrandeTodos os projetos de construção de novos terminais em pauta na Infraero somam US$ 1 bilhão e 500 milhões de dólares. Empreiteiros e empresas aéreas crescem o olho na venda da licença do terceiro terminal do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo.A construção deverá custar US$ 300 milhões. O governo pretende leiloar ainda a licença para ampliação e gestão das novas áreas dos aeroportos da Pampulha, em Belo Horizonte, e de Brasília.Além destas futuras instalações, serão licitadas as concessões para outros novos aeroportos, todos localizados em capitais estaduais.

Atualmente, a Infraero administra 67 aeroportos, 81 unidades de apoio à navegação aérea e 32 terminais de logística e possui cerca de 10.500 funcionários diretos (sem contar os terceirizados).O governo Lula está propenso a vender, em Bolsa de Valores, 49% das ações da Infraero, mas não há qualquer definição de quando seria feita tal operação.Na privatização, a Infraero teria participação minoritária em todos os consórcios formados para o leilão, como pretensa forma de evitar que o Estado perca integralmente o controle sobre a gestão das instalações aeroportuárias.Mas a idéia do governo Lula, que agrada a empreiteiros e empresas aéreas, ainda conta com duas pequenas resistências.
A Força Aérea e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) não concordam com o negócio.Pai do Frankenstein...O ex-deputado Delfim Netto defende que a única solução para resolver os problemas da aviação no país é a privatização da Infraero:"Uma das coisas de que eu mais me arrependo na vida foi ter criado esse Frankenstein chamado Infraero. Eu cometi muitos erros na vida, mas a Infraero foi um dos maiores. Nunca pensei que a Infraero fosse adquirir o tamanho que adquiriu e nunca imaginei também que fosse prestar tão mau serviço em um prazo tão pequeno”.Delfim acha que o governo deveria dividir a Infraero em diversos pedaços e fazer uma concorrência internacional para privatizar a estatal, a exemplo do que ocorreu na venda da Telebrás em 1998.Delfim Netto afirma que a atuação das empresas que comprarem a Infraero seria fiscalizada pelo órgão regulador, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), como ocorre nos setores de telecomunicações e de energia, que são regulados respectivamente por Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
Kassab trabalhando...
Gilberto Kassab pretende desapropriar a aérea próxima local (também junto a Congonhas) onde ocorreu, no último dia 17, o acidente com o vôo 3054 da TAM, para transformá-la em uma praça em homenagem às vítimas da tragédia da TAM, na qual morreram (até agora) 197 mortos, sendo 187 deles integrantes da aeronave.Kassab tem feito um discurso político defendendo a necessidade de que as ações anunciadas pelo governo federal na última sexta-feira, para melhorar as condições de Congonhas, sejam concretizadas.Nos basdtidores, Kassab é um grande parceiro dos petistas...
DEM defende
O líder do Democratas, senador José Agripino (RN), já afirmou que a saída para o apagão aéreo é a privatização da Infraero ou a concessão dos aeroportos a grupos privados.Opositor ferrenho do governo Lula, Agripino recomendou ao governo Lula que "deixe de lado o cacoete" contra a privatização e adote o que, a seu ver, é o caminho mais racional para o problema.Agora, com o secreto acordo com a turma do DEM para a ampliação de Congonhas, desapropriando a região do Jabaquara, a políticaSugestão da OASA empreiteira baiana OAS chegou a apresentar uma idéia de engenharia para resolver o problema da pista curta do Aeroporto de Congonhas.Poderia se construir uma imensa ponte sobre a avenida Washington Luiz, que serviria de área de escape para a pista de Congonhas.Apenas um prédio de nove andares – que poderia atrapalhar a obra – seria o obstáculo para a operação, que daria mais mil metros de pista ao Aeroporto.

Mas os petistas e Kassab preferem desapropriar a região do Jabaquara, onde casas são vendidas, a menor preço, por causa da proximidade com o aeroporto.
Segredinho da Dilma se desfez...
Na sexta-feira passada, a ministra Dilma Rousseff adiantou o factóide de que o governo pretendia construir um terceiro aeroporto na Grande São Paulo.Mas a super poderosa jogou com um falso segredinho:"Determinamos a construção de um novo aeroporto. Jamais diríamos onde será a construção para não sermos fator de especulação imobiliária. Não sabemos onde será, e, se soubéssemos, não diríamos".

Conto da Guerrilheira Aposentada. Ou seja, não haverá novo terceiro aeroporto algum na Grande São Paulo. A proposta do governo é ampliar Congonhas, claro, com os amigos empreiteiros e especuladores ganhando um bom dinheirinho.

E teve gente boa na imprensa que caiu no “conto do terceiro aeroporto em São Paulo”...

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