Por: Eduardo Caruso Cunha ( OAB/RS n.º 55.239)
Insustentável. Inadmissível. Insuportável.
Por mais que se tente, não há palavras para descrever a vergonha de ter nascido no Brasil do século XXI, cujos problemas há muito já não são de política, mas de valores.
É de conhecimento público que ser brasileiro é ser sobrevivente. É ser refém de uma guerra urbana não-declarada, sabido que em qualquer grande cidade de nossa pátria há mais mortes violentas do que no conflito Israel-Palestina.
Ser cidadão deste país é ainda estar obrigado a sustentar o Estado com aproximadamente 40% dos ganhos, por força do incontestável confisco tributário vigente.
Independente de toda essa abnegação, este cidadão exausto e sufocado é tratado com absoluto descaso por toda e qualquer "autoridade", sem exceção, que lhe deva prestação por dever constitucional.
O país que se orgulha de entregar o timão da nação a um semi-analfabeto assiste hoje, estupefato e estarrecido, ao assassinato doloso e premeditado de centenas de irmãos, todos mártires da tragédia mais anunciada que já se teve notícia.
Censura merecerá aquele que procurar isentar de ônus o maior dos responsáveis pelo episódio. Há meses assistimos o Presidente da República e seus "cumpadres", nomeados para altos cargos de "confiança", batendo cabeça para resolver o caos que se instalou no sistema aéreo nacional.
Até hoje, como de hábito no Brasil, logrou-se apenas punir os "infames" controladores que ousaram denunciar a irresponsabilidade crônica e o desleixo absoluto a que estamos entregues.
Ora, poder é, antes de tudo, responsabilidade.
O sangue de centenas de pessoas está, não há dúvidas, nas mãos do Presidente da República.
Seria um criminoso se não fosse verdadeiro inimputável, já que não se pode cobrar responsabilidade de quem não contém a gafe sem ler o que diz ou que não domina sequer o plural do próprio idioma.
Não cabe pedir a renúncia, pois a honra hoje exigiria suicídio.
Se somos obrigados a sacrificar tanto por um país sem poder cobrar sequer o valor de nossa vida, seria mais digno e menos hipócrita que reconhecêssemos a nossa escravatura.
OAB/RS n.º 55.239
OAB/RS n.º 55.239
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